sábado, dezembro 31, 2005

O PASSADO AINDA PRESENTE

Escrevia há uns dias: "Voltar a depender de um modem a 28.8KB é como pôr o pé no travão e regressar a uma velocidade de vida mais reduzida. É voltar a sentir as sensações dum mundo antigo, dum passado perdido, é como que um retorno ao Portugal rural de há muitas décadas...".
E eis que, subitamente, numa curva da estrada, esse passado me surge pela frente: o carro abranda e segue em marcha lenta, acompanhando os Garranos selvagens do Gerês que avançam a uma velocidade equivalente a 28KB.

É o regresso a um passado que afinal ainda existe. E , por incrível que pareça, o mundo é genialmente lindo visto e sentido a esta velocidade. Até parece perfeito!
Porque nos tornámos nós, Homens, tão exigentes?

terça-feira, dezembro 27, 2005

SÍNDROMA DE ABSTINÊNCIA

A vida é tão diferente quando se depende de um modem a 28.8 KB!
Sim, isso ainda existe, é arcaico, mas existe, pelo menos aqui no sítio para onde vim passar o Natal...

Recuar de uma ligação ADSL para um modem destes, é como regressar a um tempo de que já nos esquecemos, áquele outro tempo em que não havia nem fotocópias, nem televisão, nem telemóveis, nem aquecimento central, nem Centros Comerciais, nem ecografias e TACs, nem máquinas de calcular, nem antibióticos, nem multibanco, nem máquinas automáticas para vender coisas, nem MP3, ... nem... nem...
Sim, nós já fomos capazes de viver dessa maneira. Mas conseguimos hoje conceber a vida sem essas "modormias"? Tudo isso surgiu há tão pouco tempo mas parece que já foi há tanto... O tempo, já o diziamos, passa depressa, mas a tecnologia parece que o faz passar ainda mais depressa!
Voltar a depender de um modem a 28.8KB é como pôr o pé no travão e regressar a uma velocidade de vida mais reduzida. É voltar a sentir as sensações dum mundo antigo, dum passado perdido, é como que um retorno ao Portugal rural de há muitas décadas, ao andar sobre estradas romanas dentro duma carroça puxada por bois, às viagens de camionete Porto-Bragança que demoravam 7 horas (quando as coisas corriam bem...), às chamadas telefónicas que "caíam" sucessivas vezes, ao precisar de dinheiro num sábado e o banco só abrir na segunda, etc, etc, etc. Ah! E aos serões de familiares, que aconteciam por falta de televisão, de consolas de jogos, de Centros Comerciais e coisas que tais.

E face a essa experiência, percebo melhor como a tecnologia nos transforma enquanto seres humanos, por exemplo criando-nos novas dependências (a urgência de tudo, a pressa em tudo) que transportamos connosco para os outros lados da nossa vida. E que conflitos isso depois nos traz...
Que raiva pareço sentir ao assistir à eternidade com que estes bits demoram a sair e a entrar no meu PC. Só me apetece dar uns Xutos & Pontapés no modem e pôr-me a cantar:

As saudades que eu já tenho
Da minha alegre casinha
Tão modesta quanto eu.
Meu Deus como é bom morar
Num modesto primeiro andar
com ligação de Banda Larga à Internet.

Ah! Que saudades da minha casa em Santarém...

sexta-feira, dezembro 23, 2005

NATAL

Dizem que estamos na época do Natal, como se houvesse uma época própria para o Natal. NATAL é NATALidade, é nascimento. É o nascimento de uma nova vida que se torna importante para os outros.
Que cada um de nós faça deste Natal um Natal de si próprio, sentindo-o como o nascimento de uma nova vida dentro de si mesmo e que essa nova vida o ajude a transformar-se numa pessoa nova.
Uma pessoa nova, cheia de vontade de encontrar novas aventuras, novas coragens, novas amizades, novos amores, novas energias, novas fronteiras, novas pontes para os outros.
Uma pessoa nova, cheia de vontade de encarar as suas limitações (aceitando-as ou ultrapassando-as) e de reforçar os lados positivos da sua existência, reaprendendo a reconhecer e a valorizar a beleza das coisas com que se cruza ao longo do seu trajecto de vida.
Uma pessoa nova, cheia de vontade de ser uma nova pessoa, uma pessoa melhor, com um sentido mais apurado de humanidade: de respeito pelo outros, de entendimento dos outros e com os outros, enfim, de partilha com os outros.
Não é garantido, mas com pessoas melhores há mais hipóteses de o mundo também ser melhor. Eu vou tentar que haja um Natal dentro de mim. E desejo, sinceramente, que haja um Bom Natal dentro de cada um de vós.
E desejo também que, ao longo do próximo ano, todos nós saibamos fazer, todos os dias, um Natal dentro de nós. Uma vida que não se renova constantemente, não é vida: é morte.
Viva o Natal!

sexta-feira, dezembro 09, 2005

ATÉ ONDE "IRÃO" ELES ?

Lá nos saíram: México, Angola e Irão. Fácil? Difícil? Às vezes somos nós que fazemos as coisas serem fáceis ou difíceis.

Dei comigo a lembrar-me do mundial de há 20 anos, 1986 - no México. Lá estava na baliza o grande Bento. A meio campo, os grandes Carlos Manuel e Jaime Pacheco. E tantos outros monstros sagrados. Chegaram lá depois de uma espantosa (hoje já não espantaria) vitória, na Alemanha, contra a poderosa equipa da casa. Perceba-se isto: foi um escândalo mundial!

O seleccionador de então - José Torres (um dos Magriços do mundial de 1966), celebrizou uma frase, antes daquele derradeiro e decisivo jogo para o nosso apuramento: - "Deixem-nos sonhar". E o sonho tornou-se realidade, mostrando o quanto é importante atrevermo-nos a sonhar na vida. "O optimismo constrói-se", como diz a Mª José Costa Félix...

O país preparou-se para a festa, não com bandeiras - como no Europeu de 2004, mas com uma música que ficou célebre, que todo o país cantava e que mais em baixo recordo. Foi uma euforia completa.

E tudo começou bem: 1-0 a uma das selecções favoritas, a Inglaterra. Depois seguiram-se várias coisas: o deslumbramento de uma equipa pouco habituada ao sucesso; também, parece que umas revoltas e greves dos jogadores, não sei bem o que se passou. Sei o que se seguiu: perdemos 1-0 com a Polónia e 3-1 com Marrocos. Ficámos em último no grupo, voltámos cedo para casa, humilhados de todo: fizemos o mais difícil e cedemos no teoricamente mais fácil. Uma imagem retratou bem o fiasco: o Bento a chegar de muletas e de perna partida...

Agora de novo o México. E Angola. E o Irão. Até onde "IRÃO" eles? Aprendam com a história, mas deixem-os sonhar, deixem-nos sonhar.

F-O-R-Ç-A P-O-R-T-U-G-A-L !
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Vamos Lá Cambada - Hino do Mundial de 1986
Letra e música: Carlos Paião; Interpretação: José Estebes (Herman José).

Heróica e lusitana gente vamos em frente mas combictamente.

Vá lá cambada infantes desportistas, homens de conquistas, povo que és o meu
Bola redonda e onze jogadores em frente sem temores que as tácticas dou eu
Tragam as gaitas, as bandeiras e a pomada, vamos dar-lhes uma abada, ensinar-lhes o que é bom
Vamos mostrar a esses carafunchosos, por momentos gloriosos, quem é a nossa selecção.

Bamos lá cambada, todos à molhada, que isto é futebol total.
Deixem-se de tretas, força nas canetas, que o maior é Portugal.

É atacar agora e defender para fora, uns são toscos e nem dão para a aquecer
Suar a camisola e até jogar sem bola e disfarçar para o árbitro não ver
No intervalo, solteiros contra casados, fandangos, chulas e fados para aprenderem como é durante o jogo,
Qualquer caso lá surgido só pode ser resolvido à cabeçada e ao pontapé.

Bamos lá cambada, todos à molhada, que isto é futebol total.
Deixem-se de tretas, força nas canetas, que o maior é Portugal.

Os portugueses já provaram muitas vezes saber ser uns bons fregueses das grandes ocasiões
Nesta jornada, nem que seja à pantufada, nós estaremos na bancada muito mais de dez milhões.

Força Portugueses!
Viva Portugal, Portugal, Portugal
Viva Portugal, Portugal, Portugal...

Bamos lá cambada, todos à molhada, que isto é futebol total.
Deixem-se de tretas, força nas canetas, que o maior é Portugal.

Bamos lá cambada, todos à molhada que isto é efectibamente futebol total
Temos de ter muita coragem, muita força, pensem nos vossos antepassados có nada, muito orgulho, muita vivacidade
E vai... e um, dois, e um, dois...
E vai lá... e cruza... e é golo, e é GOLOOOOOO !

Bamos lá cambada, todos à molhada, que isto é futebol total.
Deixem-se de tretas, força nas canetas, que o maior é Portugal.

terça-feira, dezembro 06, 2005

PRECE

Não sei se Deus, na sua imensa sabedoria, tem a sabedoria suficiente para nos dar a sabedoria de que, às vezes, tanto precisamos! É que há tantos que querem, à viva força, ser os chefes (ou seja, os donos) da nossa vida, que às vezes falta-nos sabedoria para enfrentar a sua ignorância... E sabemos bem: quando a sabedoria e a ignorância se enfrentam, nem sempre ganha a sabedoria... (imagem retirada daqui)